Depois da primeira invasão norte-americana a Natal, em 1943, quando o mundo vivia a 2ª. Guerra Mundial, a capital potiguar vivenciou no último dia 16 de junho a segunda invasão dos norte-americanos, desta vez muito festiva antes, durante e depois da vitória da sua seleção contra Gana, na Copa do Mundo 2014, por 2x1.
Cerca de 20 mil torcedores da seleção USA compraram ingressos para o primeiro jogo da seleção, o equivalente a metade da ocupação da Arena das Dunas. Antes, durante e depois do jogo os norte-americanos fizeram a festa.
O bairro de Ponta Negra, onde se concentra a maioria dos hotéis, ficou tomado pelos norte-americanos. Na véspera do jogo, eles foram vistos em bares, restaurantes e shopping.
No dia do jogo, eles chegaram na Arena das Dunas em grupos, vestidos com as cores vermelho, azul e branco. Eram torcedores com famílias ou amigos, de todas as idades, crianças, adultos e idosos, que cantavam e faziam festa com torcedores de Gana e brasileiros. Alguns torcedores vieram com roupas de personagens de revistas em quadrinhos, como Batmam, Róbin, ou mesmo com símbolos do país, como a Estátua da Liberdade.
Os torcedores norte-americanos cantaram o hino nacional com entusiasmo e logo aos 27 segundos de jogo os EUA marcou seu primeiro gol, o quinto mais rápido de todas as copas. O capitão e craque da seleção, Clint Dempsey recebeu a bola, se livrou do marcador e chutou na diagonal, marcando o primeiro gol, para o desconsolo do goleiro de Gana, Kwarasey.
A seleção de Gana empatou no segundo tempo, aos 37 minutos, com gol de Ayew, mas a festa dos ganeses acabou em seguida, quando aos 40 minutos, depois de uma cobrança de escanteio, o atacante Brook marcou de cabeça o segundo gol, o da vitória para a seleção norte-americana. O técnico Klinsmann festejou muito o gol, afinal, Brook era uma aposta dele para virar o jogo.
A segurança para este jogo USA e Gana foi marcante, com a presença do FBI, com uma equipe em terra e um veículo tático acompanhando o vice-presidente norte-americano Joe Biden, que chegou atrasado na Arena das Dunas.
Helicópteros sobrevoando a Arena das Dunas e a cidade e mais uma corveta da Marinha norte-americana fizeram parte do esquema de segurança deste jogo, que foi assistindo por celebridades dos Estados Unidos, como a cantora Katty Perry e o ator Leonardo di Caprio.
A PRIMEIRA INVASÃO
Na primeira invasão, cerca de 40 mil soldados norte-americanos passaram por Natal, onde foi construída uma base militar. Era desta base área, onde hoje fica o aeroporto Augusto Severo, que partiam os aviões da USA Force para combater as tropas do comandante Erwin Rommel, “o raposa do deserto”, que enfrentavam o exército britânico no Norte da África.
Agora, a invasão norte-america deve chegar a 20 mil torcedores, segundo estimativa do consulado dos Estados Unidos em Recife, cujos cônsules têm mantido uma estreita relação com os órgãos de turismo e de segurança de Natal e do Estado.
A relação histórica entre Natal e Estados Unidos começou em 1943, quando em janeiro daquele ano os presidentes do Brasil, Getúlio Vargas, e dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt, selaram na capital potiguar o acordo para a participação do Brasil na 2ª. Guerra Mundial.
Na época, a cidade com pouco mais de 50 mil habitantes recebeu um contingente de 10 mil soldados e milhares de aviões de combates que ficaram aqui sediados. No período que os norte-americanos ficaram na cidade, de 1943 a 1946, cerca de 40 mil militares passaram pela base.
Natal foi escolhida como principal base militar norte-americana no Brasil devido a sua posição geográfica, distante apenas 3.000 km de Dakar, no Senegal, no Norte da África.
Com a base militar, a cidade ganhou a primeira fábrica da Coca-Coca na América Latina, que foi instalada para atender aos soldados norte-americanos que combatiam o exército de Rommel.
Os moradores mais antigos que viveram na década de 40 em Natal contam que a cidade sofria os “blackout” diários, quando o fornecimento de energia era cortado, tudo fica as escuras e ninguém podia sair de suas casas devido ao risco eminente de um bombardeio de aviões nazistas.
Segundo historiadores, a influência norte-americana na cidade foi sentida no comércio, na linguagem e costumes. Com a entrada de dólar, os preços subiram nas lojas. Na linguagem, palavras inglesas foram incorporadas, como “money” (dinheiro), “drink beer (beba cerveja ) e “give me a cigarrete” (dê-me um cigarro). Ouvia-se as transmissões da BBC de Londres. Nos costumes, as mulheres passaram a fumar e surgiram cabarés na cidade, onde os soldados iam para beber e namorar.
O escritor, poeta e advogado Diógenes da Cunha Lima cita o caso de uma natalense que ficou com um soldado norte-americano de sobrenome “Kaningan” , que originou a expressão popular “caningar” na cidade, significando uma pessoa chata, inoportuna, que incomoda.
- Parece que o soldado norte americano perturbava tanto a mulher que ela pedia para ele parar, daí surgiu a expressão “pare de caningar”, numa referência ao norte-americano – explica Cunha.
A base norte-americana recebeu vários artistas de Hollywood durante o período que os soldados ficaram em Natal, como os atores Humphrey Bogart, Bette Davis, Tyronne Power e as orquestras de Glenn Miller e de Tommy Dorsey. Eles se apresentavam no Teatro e Cine Drive In (ao ar livre) da base para animar a moral dos soldados e diverti-los. Até hoje este teatro está preservado na Base Aérea de Natal, localizado em área pertencente ao município de Parnamirim.
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